domingo, 29 de maio de 2011

Paranomásia



O vento é o motor do barco à vela
A vela acesa é uma luz na escuridão
A escuridão apagada vira dia
O dia com a noite faz o tempo

O tempo correndo faz o relógio andar
O relógio parado não faz o tempo parar
Paradas não ficam as palavras
As palavras podem curar
Ou ferir como ferrão de arraia

Só as Arrais voam no mar
O mar é o espelho do céu
Um céu azul eu pintei no papel
Papel que um dia foi árvore
Árvore que cresceu no verão e no inverno

Árvore que virou um caderno
Caderno com rimas escritas
Rimas que somadas são poesias
Poesias que escrevi em papel num momento
E no outro, as joguei de volta ao vento 


terça-feira, 24 de maio de 2011

Os Cravos

Por que você o faz chorar?
Se ele te faz sorrir
Você só pensa em multiplicar
Enquanto ele ensina a dividir
O último que você agradece
É o primeiro que ofende
Quando algo de errado
De repente o surpreende
As palavras dele são boas
Já as suas
Como chicotes o açoitam novamente
Você se acha bom
Mas se olhe no espelho
E sentirá tanta vergonha
Que ficará vermelho
Se ele apontasse nossos erros
Lhe faltariam dedos
Mas ele olha virtudes
Que, as vezes, nem sabemos que temos
Ele quer agir
E você o impede
Você não quer ouvir
Mas, mesmo assim, ele repete
Nós éramos escravos
Mas ele nos livrou da escravidão
Por meio dos cravos
Que foram pregados em suas mãos.





sábado, 14 de maio de 2011

A quem não irá ler este texto

Me cansei das rimas e resolvi escrever um texto normal, comum. Escrito assim direto, de uma vez só. Porém este texto, apesar de estar em um local público, é para uma pessoa específica. Mas o mais estranho ainda é que ele é para alguém que eu não conheço. É estranho escrever para alguém que não se conhece e, ao mesmo tempo, torcer para que ela leia. O fato é que escrevo. Repetindo palavras mesmo, sem se importar com estética. Escrevo um texto de renúncia, mas também de esperança. Quem mais for ler este texto talvez não entenda. Mas ela entenderá ou entenderia porque não irá ler. Bom, vou direto ao ponto, já que este texto não faz sentido nenhum: cansaço. Esta é uma palavra que pode resumir bem o que quero mostrar. Cansado de procurar. Cansado de não achar. De estar em uma multidão procurando alguém específico. De olhar pela janela do ônibus. Ficar sozinho pensando quando poderia estar acompanhado conversando. Você que não está lendo este texto, por favor, esteja ciente de que estou cansado. Portanto não espere mais que eu te procure assim como eu nunca esperei que você me procurasse.  Não se iluda achando que estarei como um detetive atrás de seu rastro. Não pense que vou continuar jogando fora os detalhes de minha vida, especulando, procurando. A você que não está lendo este texto, é à você mesma que ele se destina. Como eu já disse não me preocupei com a estética do texto. Nem com a gramática. Nem com a ortografia. Não quis rimas porque elas demoram para ser pensadas e escritas. E eu não quero pensar mais sobre isso. Minha ideia é esquecer. Quase uma missão. Mais que um desejo. Mas me preocupei com uma coisa no texto, assim como costumo me preocupar com os outros, também: que ele não fosse nem muito longo e nem muito curto. Bom, já disse o que queria dizer. Não irei mais te procurar. Mas isso não exclui o fato de ainda querer te encontrar. Não consigo fugir das rimas.