terça-feira, 26 de abril de 2011

Leitura Dinâmica

Passa o tempo
Vem correndo
Passa o tempo
De repente
Passa o tempo
E pega o tempo
E cola o tempo                                                         
No relógio de parede
O tempo vai passado agora
E o tempo a gente conta em hora
O tempo passa e vai embora
O tempo passa e a gente demora
O tempo passa
Enquanto você lê
O tempo passa
E a gente não vê
Passa o dia passageiro
Vem voando o dia inteiro
Vem voando contra o tempo
Vem voando feito o vento
Passa o dia num momento
Passa tão rápido e tão lento
Vai passando e vai correndo
E corre o tempo contra o tempo

quinta-feira, 21 de abril de 2011

TV

Eu não sei ler nem escrever/ Nunca aprendi o ABC / Só que eu tenho alguém do meu lado / Eu não sei quanto a você / Mas eu já fui infectado / Com o vírus da TV / E foi por meio da TV / Que me tornei PhD / Em tudo que eu não preciso saber / Eu levo a vida do jeitinho que a novela me ensinou / E nos programas de domingo / Eu me imagino quando vou / Essa TV faz muito bem pra mente / Pra quem mente, sim senhor / Meus amigos me dizem pra sair / Conhecer alguém / Mas eu já passo acordado várias madrugadas / Com a minha companheira / De vinte e uma polegadas / Sou culto e inteligente / Ninguém afeta a minha mente / Mas esse seu produto / Eu comi perfeitamente / TV, televisão / Te guardo no meu celular / No bolso, perto do meu coração / É um sentimento tão bonito / Você me chama de imbecil / E eu fico te assistindo / E na sala de criação / Os velhos gênios da televisão / Inventam os programas que a gente vê / Nos chamam de idiotas / Com transmissão em HD / E também tem o jornalismo / Vinte e quatro horas de plantão / Preparado pra mostrar / Um desastre em alta resolução / Furo de reportagem / Tudo em primeira-mão / Todas as emissoras / Querem passar ao vivo / Mas uma já mostrou / Em seu reality show / Tenho informação, tenho diversão / Tenho entretenimento / E disso eu bem entendo e agradeço a TV / Por passar no domingo / O jogo que eu não quero ver

sábado, 16 de abril de 2011

Pequeno texto sobre a existência da Burocracia e de sua utilidade

Não se admire com a palavra ‘utilidade’ no título. Bom, se a Burocracia existe até hoje é porque ela tem alguma utilidade para alguém. Mas o que ela é e para que ‘serve’? Esta palavra é uma junção de outras duas: do francês bureau, escritório, e do grego krátos, mantendo o significado de poder ou regra.  Ela é, basicamente, um sistema de hierarquia de funções. Ou seja, você não pode atravessar de A para C sem antes passar por B. Até aí tudo é lógico. Acontece que a Burocracia tem o poder de transformar isto em um caminho infinito. Você não pode atravessar de A para C sem antes passar por A/1, A/2, A/3, etc.
Mas por que todo este sistema infindável de caminhos? Talvez certas coisas sejam programadas e preparadas para não dar certo, mas com uma aparência de que tudo está ‘andando’ conforme o previsto. Ou, talvez ainda, para outras coisas é necessário um período de tempo para se encontrar uma solução. Este sistema, então, indicaria que esta solução já existe, mas irá demorar um tempo para colocá-la em prática. Isso acalmaria o reclamante até que esta solução seja realmente encontrada.  
Outro motivo para a existência da Burocracia seja, talvez, para aumentar desnecessariamente o número de pessoas em um determinado serviço. Por que deixar uma pessoa só, fazer aquilo que pode ser feito por três ou quatro? Nisso você pode dizer: ‘bom, é mais empregos a disposição. Qual é o problema nisso?’. Bom, talvez diga isso porque esteja pensando somente no individual. Portanto, agora imagine isso em uma empresa, por exemplo, e de uma maneira mais ampla: Por que deixar um único departamento fazer o que pode ser feito por três ou quatro outros departamentos? ‘Mais empregos ainda’, afirmaria você. Mas e se eu desejar colocar somente pessoas de minha “confiança” nestes departamentos? Se uma pessoa pode fazer, sem se sobrecarregar, uma determinada tarefa, o que faria o outro designado a fazer a mesma tarefa? Talvez ele realmente se esforce para honrar o salário que recebe. Ou talvez fique em seu computador jogando paciência esperando por este salário.
É claro que isso tudo é a ‘superconformidade’ na Burocracia, considerada, inclusive, uma disfunção dela. É lógico, também, que é necessária certa hierarquia na realização dos diferentes tipos de trabalho. Isso para não sobrecarregar uma única pessoa e para distinguir as funções de cada um. Mas até que ponto esta hierarquia não é usada para um propósito errado?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Senhor do Capitalismo

Capitalismo que não é mais selvagem. Tornou-se civilizado e corrompeu a civilização. Dominou e escravizou aqueles que o criaram. Quer que todos se submetam a sua vontade, sejam seus brinquedos.  Pois bem. Esqueça de teus sonhos para entrar em sua roda. Dê mais valor ao dinheiro do que aquilo que compra com ele. Passe a acreditar que ajudar alguém só é possível se tiver uma certa estabilidade financeira. Nunca se contente com o teu salário. Queira sempre uma promoção em teu emprego. Aceite teu chefe falar sobre a ganância. Mas não qualquer ganância. A ganância boa (boa, dizem eles). Aquela que te faz ir para frente. Ou ir atrás. Atrás dos teus sonhos. Que não são seus, porque você já desistiu deles. Mas são os sonhos que criaram para você. Queira sempre ser o melhor no que faz. E se esqueça que, quando se torna o melhor, outras pessoas precisam, obrigatoriamente, ser piores. Mas, quando isso acontecer, coloque a culpa nelas mesmas. Afinal, não trabalharam tanto e tão bem quanto você.
Não divida nada! Se outro quiser o que você já tem, que ele faça por merecer. Se algo vier fácil é bem capaz que ele se acostume. Caso veja alguém parado em frente de casa sem fazer nada, chame-o de vagabundo. Ora, por que ele não vai trabalhar? Você trabalha o dia inteiro. Por que ele fica em casa sentado ou brincando com os filhos. Por falar em filhos... Quando tiver os seus, dê um beijo neles antes de sair de casa. Lembre-se: você tem que trabalhar hoje e vai ficar o dia inteiro sem vê-los. Quando voltar eles já estarão dormindo. Nas raras vezes que lhe sobrar um tempo, ensine-os sobre o ‘valor’ do dinheiro que você já aprendeu muito bem. Conte sobre o dia de trabalho. Eles estão muito interessados em saber da bronca que você levou hoje. Quando sair com eles e lhe pedirem alguma coisa que não pode comprar, diga que quando forem grandes e tiverem seu próprio dinheiro poderão ter o dobro daquilo que querem.
O sistema depende de você e depende que você ensine aos seus filhos. Torne-se um senhor do capitalismo. Não deixe que ele te domine. Passe a acreditar que o melhor modo de dominá-lo é esquecendo que ele te domina. Não pare para pensar. Tempo é dinheiro. Nem tente pensar. Quando tiver espaço no dia para fazer isso, estará tão cansado que vai querer dormir apenas. Acredite no que dizem: “não tem como mudar”. Você é só um. Enquanto for um dos senhores do capitalismo, o Capitalismo será teu senhor.

Fogo-fátuo

Pegue sua senha / Espere aí na fila / Assista TV / Verifique a classificação indicativa / CPF; RG; código de barras / Você é só mais um número / É isso que você é / Ninguém conteste o infalível IBGE / Vá até o banco / Retire o teu salário / Não muito, só o suficiente / Para esquecer que é escravo / Guerras, fome, epidemias / Controle populacional / Vivemos em um país de cegos / Cujo conformismo é a Capital / Comemoramos a vergonha / Em feriado nacional / Política de pão e circo / Bonecos de ventríloquo / Para tapar um buraco / Cavam um abismo / O que o exército reprova / Vira brinquedo para o seu filho / Honre seu país, morra por ele / Seja patriota / Cante o hino / Conforme aprendeu na escola / Mas os professores ensinam o que aprenderam/ Que é apenas ensinar / E a gente aprende o que precisa / Para depois não precisar / Exerça seus direitos inventados / Proteste já / Não resista / Se submeta ao sistema / Não existe manipulação / Isso tudo é ficção / Coisa de cinema / É fácil dar sempre a mesma explicação / Ela serve muito bem / Quando ninguém ouve a liberdade de expressão / Em carapaças democráticas / As velhas oligarquias / Implantando seus terrores / Na festa da democracia / Elegemos nossos ditadores / Nenhum deles presta/ Mas nos obrigam a votar / E depois a culpa é minha / Quando começam a roubar / Sistema operacional ileso / Eu, robô / Ele roubou / Eu estou preso / Grades invisíveis / Câmeras de vigilância por perto / Você tem privacidade / Eu sei porque te observo / As vezes me vejo / Na Segunda Guerra Mundial / As vezes me esqueço / Que isso tudo é tão normal

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Antes que...

Antes que isso me corroa. Antes que eu morra. Antes que me esqueça. Antes que eu adormeça. Antes que os outros se esqueçam. Antes que os sentimentos se empobreçam. Antes que a verdade tome outros formatos. Eu preciso falar sobre a realidade de alguns fatos: em um milésimo de segundo, a violência ronda todo o mundo. E não contente com isso, ela quer, de novo, escancarar o seu sorriso. Próximo ao lugar onde estudo, que faz parte do meu mundo; o lugar onde estagio; em um local vazio. A segurança é nula. As ruas são escuras. Mas foi de dia! Alguém andava sozinha. Inocente. Pacata. Mas, sem saber, alguém a olhava na mata. E algo de mau aconteceu. Algo de mau virou manchete de jornal. Alguém a viu sair da mata. Cansada, abatida... ferida. Das autoridades, mais uma noite de lamento. Mas apesar da cobrança, não existe segurança. Onde? Uma Ferida Mancha o Sentimento. Esta segurança ainda é espera. Não era assim que era para acontecer. Não era para ser este o meu primeiro post. Alguém irá dormir triste esta noite. Mas que Deus ilumine o caminho dela.